A FELICIDADE é uma busca que depende, sobretudo, da força interior
que há em cada pessoa!

Pequenas atitudes, por mais bobas que possam parecer, são valiosas e tornam-se
grandiosos passos no caminhar desta conquista.

Arrisque-se!!! Aventure-se!!!





Por mares nunca dantes navegados...or pesquisar e conhecer o mundo!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Carla Marinho. mesclas de madeira IX- 82 x 54 cm- 2007 - acrilica s madeira. Exposição Madeiras Sobre-Viventes. Sesc Amapá (Macapá), Sesc Maranhão (São Luis) Sesc Amazonas (Manaus). Projeto SESC Amazônia das Artes.

MADEIRAS SOBRE-VIVENTES

A arte é para Ferreira Gullar o infinito em si mesma. O “traduzir-se” da obra não faz dela uma ilha, assim como quem a produz e a contempla vive uma contínua interação com vários aspectos do mundo. Nesse caso a participação de Carla Marinho é ativa quando propõe olhares sobre a cotidianidade. “O artista é antena da sociedade”, uma metáfora de Aracy Amaral, que capta freqüências e emite sinais.
Madeiras Sobre-Viventes sustenta uma narrativa que ultrapassa domínios artísticos e dialoga com temas cotidianos de relevância social. Carla toma como referência em seu trabalho autores como Lasar Segall que retratou a miséria da humanidade, Rubens Gerchman em especial da obra “Lindonéia” uma figura feminina de vida suburbana da década de 60 que inspirou várias letras de música no movimento Tropicália, Cildo Meireles e as instalações em madeira, “caixotes”, e os Writers (os artistas murais do graffiti). Ambos destacam olhares voltados às problemáticas das condições de vida, do mal-estar da coletividade, da escassez de recursos e o conseqüente estado de sobrevivência.
Carla Marinho desenvolve uma proposta pouco convencional quanto aos materiais de suporte para seus painéis, mas audaciosa em seu espírito artístico. Observam-se dois momentos distintos de sua produção, no primeiro ela vive um estado minucioso como de uma mestra artesã, a pesquisa e a busca do material adequado. As tábuas de caixotes de frutas, mesmo sendo consideradas lixo, foram “catadas” uma por uma. Como a labuta diária dos informais retratada por Carla, os quais disputam dia-a-dia para manterem-se vivos, caso contrário são “jogados” fora.  A artista constrói figuras simplificadas com definições de contornos – os personagens sobreviventes – que são impressas diretamente sobre as tábuas, resultando em uma visualidade integral com o próprio suporte das composições. No segundo momento, “os painéis mesclados” que ela mesma define, na verdade um jogo estético entre o matérico e a imagem.  A autora quebra a uniformidade visual das figuras desenhadas, mesclando propositalmente as peças que compõem cada painel, instigando olhares atentos, aditivando percepções apuradas sobre um assunto trivial, entretanto de importância relevante.
A simplicidade dos personagens, que em primeiro instante é detectável, entra agora em conflito. No “jogo” proposto façamos as apostas: matéria ou forma, essência ou supérfluo? Carla faz (re)ver  o notório, a desarmonia, aos olhos e aos modos de vida. A arte de Carla Marinho se propõe a oportunizar tais discursos.

Ronne Franklim Carvalho Dias
Professor de Arte e desenhista

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